A PELAGEM E SUA IMPORTÂNCIA
A pelagem que cobre e
protege os caninos é formada de pele, pêlos e subpêlos.
Agrupados, os
subpêlos são todos originários de um mesmo núcleo, que está conectado a uma
glândula sudorípara e a uma ou duas sebáceas. Cada grupo é formado por um pêlo,
ilhado por um número variável (de
O segmento dos pêlos,
acima da superfície da pele, chama-se lança. A raiz fica situada num folículo
piloso. Uma papila vascular, coberta pelo bulbo do pêlo, alcança o fundo do
folículo. Os folículos pilosos estendem-se, obliquamente, dentro do cório a uma
profundidade variada. Os pequenos músculos eretores dos pêlos são células
musculares, lisas, localizadas no ângulo obtuso que o pêlo forma com a pele, da
maioria dos folículos. Estimulados por terminais nervosos, a contração desses
músculos provoca o eriçamento do pêlo e comprime as glândulas sebáceas,
abrindo-as para lubrificar o folículo.
Os pêlos tácteis são
verdadeiros órgãos e tão longos que alcançam o músculo subjacente.
As paredes dos
tácteis do queixo, das faces, das vibrissas dos lábios, do ouvido externo, dos
supercílios e dos cílios das pálpebras, são bastante espessas, contendo, entre
a superfície externa e a interna, alguns vasos capilares e neuroterminais.
A função desses pêlos
táteis, que alguns expositores costumam aparar para exibir seu exemplar
bem barbeado e "limpo", por influência da cinofilia americana,
na realidade, são verdadeiros órgãos, suas ferramentas de trabalho. Por exemplo:
os do queixo permitem que o cão possa seguir uma trilha de quase um quilômetro
sem ralar seu queixo no chão. Os das faces, em conjunto com os dos supercílios,
bigodes e os do queixo, permitem ao cão saber se, ao enfiar sua cabeça num
buraco, poderá retirá-la depois. Aparar os bigodes é amputá-los, é privar seu
cão dessas ferramentas naturais de trabalho.
O SUBPÊLO - Um beduíno jamais conseguirá atravessar o deserto de short e
sem camisa.
Sem aquelas mantas protetoras
feitas de lã, com certeza não conseguiriam prosseguir por mais de três
quilômetros.
A grande maioria dos
padrões de raça comenta que o subpêlo, formando um colchão de ar, entre a
pelagem externa e a pele, protege o animal das intempéries, inclusive do calor.
Existem raças que
possuem pelagem dupla e outras com pelagem simples e existem até raças
completamente peladas.
Alguns criadores e,
até mesmo, alguns veterinários querem sustentar que, em razão da mudança de
clima, os cães se adaptam, perdendo o subpêlo.
A raça importada,
mais antiga e com maior número de exemplares, em 60 anos, o Pastor Alemão,
ainda não se adaptou.
Na última revisão do
padrão da raça Rottweiler, a falta do subpêlo deixou de ser desqualificante,
mas permanece como uma falta gravíssima. Na Alemanha, país de clima frio,
existem muitos exemplares sem subpêlo e são altamente penalizados.
Entre as raças cuja
pelagem é simples estão o Bóxer e o Dogue Alemão.
Essas raças, que
ostentam, quase sempre, uma pelagem rasa de pelos duros, ou sedosa de pelos
longos, pode-se dizer, que já estão adaptadas à falta do subpêlo, pois, para
isto, foram geneticamente planejadas. Apesar disto, durante o rigoroso inverno
europeu, surgem alguns subpêlos que jamais podem apresentar-se maiores que o
comprimento do pêlo.
Fazer cinofilia é
estudar as razões de cada exigência dos padrões de raça, compreendê-las e
preservá-las.
Fazer cinofilia é
procurar não mutilar os cães só para embelezá-los. Beleza é mais do que um
assunto indiscutível, é uma questão cultural, social e geográfica. Uma obra de
arte africana traz uma beleza inteiramente diversa da duma obra marajoara, que
por sua vez é completamente diferente da beleza duma obra renascentista,
surrealista, abstracionista ou impressionista.
A preocupação fútil
com a beleza é característica duma sociedade culturalmente decadente.